sábado, 19 de agosto de 2017

Depois de dois anos...



Eita porr*, vortei pra essa birosca. Mais empoeirada que os topo dos armário tudo.
Entonces, dois anos se passaram-se e nada mudou, exceto tudo, tipo conheci um boy, casei co boy, reproduzi co boy, fui e voltei para Brasil-il-il, e com essas coisa tudo acabei não postando mais nada por preguiça mesmo. Risos nervosos.
Porém, contudo, entretanto, todavia, uma pessoa linda chamada Tiffany, mandou uma mensagem e eu pensei, ma não que eu esqueci ~de comprar Vanish, vixe, amanhã tenho que fazer uma lista antes de ir no mercado...Não, pera~ que tinha o brog! 
Aí, pensei cá com a minha taça de vinho, vortarei, mas não hoje, hoje só volto pra ser redundante e postar que voltei, mas pensei que já que tem muito assunto pra por em dia, faço uma série contando em retrospecto e no melhor estilo Jack Estripador, ou seje, em partes, tudo que se passou com a minha pessoa e ao redor da minha pessoa em Berlin ou não ~em outros lugares, no caso.
Tão tá, logo menas tamos aí na primeira parte da saga: O boy e o fim de uma era...
*música dramática*
Liebe Grüße 
Xu 

quarta-feira, 25 de março de 2015

Bar Bobu: bons drinque, boas música e tudo que tá perto do coração e do fígado



Na procura pelo cocktail perfeito eu já fui em vááááários bares em Berlin, me considero uma grande apreciadora da arte de misturar lindos componentes alcoólicos em uma bela taça, e gosto de dividir minhas experiências em lugares incríveis com meus queridos, vide Rum Trader. Mas achar o bar perfeito não diz respeito somente a qualidade dos destilados, mas também ao ambiente e atendimento que fazem tooooooda a diferença na experiência como um todo, e devo dizer que achar um bom atendimento (Hãhã...Hehehe) em Berlin não é tarefa fácil, não sei o que acontece mas em muitos lugares já fui muito mal tratada, com bartenders arrogantes te olhando de cima a baixo, me tratando como uma turista idiota no momento em que percebem que eu sou uma mera Ausländer.
Mas, claro, que aqui vamos falar de coisa boa ~vamos falar de iogurteira Toptherm~, meu mais novo achado e lugarzinho do coração, ou segunda casinha, o Bar Bobu.
Escondidinho no coração de Friedrichshain, pequenino como eu gosto, o Bar Bobu surgiu da ideia de dois amigos que queriam um espaço com cocktails de qualidade e boa música, além de um lugar para tocar. Charmosinho demais da conta, o bar tem uma seleção incrível de spirits, ótimos uísques, gins super sofisticados e uma cartela de coquetéis clássicos, com destaque para os sours, o whiskey sour e o daiquiri são de chorar de deliciosos.
Cada dia o som dá o clima, nas segundas é Blue Monday, um dia para o melhor do blues com som ao vivo, terças uma seleção do melhor do country/blugrass/rock'n'roll na playlist, quarta é Stage Time, uma noite especial com o palco aberto para cantores e compositores com apresentação do super incrível showman Dan, quinta é dia de Get In The Right Foot, com o dj girando as bolachas e chacoalhando a galere com músicas dançantes de soul e funk, a sexta é Soul night com show ao vivo da banda da casa com Mello soltando o vozerão e Jerry arrasando na guitarra, sábado é PARTYYYYY night, sempre com um show diferente ao vivo à partir das 21hs e depois discotecagem do senhor dos vinils, mestre das bolachas, Ein Mädchen Aus Sibirien, e domingo noite linda de descanso com bons drinque e uma seleção dos melhores do jazz.
Com um staff super internacional, o pessoal do bar é super aberto e além do alemão, falam inglês, português e espanhol, e todo mundo tá sempre com um sorrisão no rosto chacoalhando as coqueteleiras e as cadeiras.
Adotei pra mim como casinha fora de casa e indico pra todo mundo, e é a melhor experiência de bar em Berlin que eu tive até agora, combinando tudo que está perto do coração e do fígado.
Te encontro na pishhhhhtenha com meu old fashioned na mão.

Bar Bobu - Scharnweberstrasse Ecke MüggelstrasseBerlin - Friedrichshain
Telefonnummer 030-68915679


Todos os dias à partir das 19hs, shows à partir das 21hs.


Liebe Grüße
Xu  
 



sábado, 14 de março de 2015

É preciso se perder para se encontrar em Berlin, e tipo...Na vida.




Acabei de ler uma matéria num blog, sério foi há cinco minutos atrás, sobre viagens e como para viajar às vezes é preciso se perder e dessa forma se encontrar, e isso me fez pensar nessa vida de ir-indo pra longe e cada vez mais longe, e nunca ter uma "casa", e como essa jornada fez com que eu mesma tantas vezes ficasse completamente perdida, para me encontrar mais tarde numa versão melhorada de mim mesma.
A minha última lembrança de "lar", com o sentido e peso que a palavra tem para mim, é da casa que eu morava com os meus avós, onde passei a infância, comendo coração de galinha no churrasco de domingo, goiaba do pé e tomando chimarrão com pé de moleque. Nunca mais me senti em casa ou tive uma casa minha depois disso, quero dizer tive casa minha, mas não um lar.
Fui mudando de lugar pra lugar, cidade pra cidade, durei em São Paulo, aliás foi a cidade que mais durei, mas SP é que nem namorado inseguro, que te deixa neurótica, te sufoca, vai aos poucos te enchendo de medos e te tirando todas as liberdades e te transformando num alguém que não é você, cheia de certezas erradas e tão insegura quanto ele.
Berlin, é o oposto, cheguei aqui sem plano ou ideia, e meu coração foi arrebatado com a leveza que só ela tem. Me perdi tantas vezes aqui, e foi no auge da famosa "depressão de inverno" que  veio acompanhada da "crise do fim do primeiro ano" que eu achei que tinha me perdido de vez, quis ir embora. Quis voltar. Uma mulher de quase trinta anos querendo voltar para a barra da saia da mãe e fazer o quê, Cheesus?! ME. DIZ.
A primavera começa a se aproximar e agora parece que me perdi assim há anos atrás, tenho um emprego que me faz feliz, amigos que não estão de passagem, e um lar, uma WG no Castelo da Carlinha, com uma família de coração de alemãezinhos e um tcheco que também estão desprovidos de família de sangue por perto.
Se volto para o Brasil? Para visitar, claro! Tenho saudades de aiaimeldels, daquele tipo que só brasileiro sente, saudade louca, saudade avassaladora com gosto de pão-de-queijo e Toddynho. Para morar, ainda não, preciso curar a ressaca do meu divórcio com Sampa.
Mas como foi que no fundo do poço encontrei a luz e tudo se resolveu, você pergunta? Bom, primeiro que quando cê tá no fundo do poço, fio, a menos que você cave e termine de se enterrar o único jeito é ir pra cima, e segundo que como eu disse no início, assim como em viagens, na vida o melhor jeito de se encontrar é se perdendo. Aquele momento de fodeção total e completa, quando eu achei que estava toda cagada de maiô branco, fez com que eu olhasse para a minha redonda pessoa e não me reconhecesse mais, e isso me obrigou a me reinventar, arriscar em outras áreas, se as minhas expectativas para o que eu queria em um ano não foram satisfeitas, eu  crio novas ideias. As expectativas às vezes são como malas gigantes sem alça e sem rodinha que a gente carrega pela vida, e como o texto que me inspirou concluía, bagagem demais só atrabalha, mantenha tudo na vida leve, ter muitas expectativas sobre a vida que você deveria levar só vai te encher de frustrações e trazer problemas estomacais... Se for muito difícil se livrar delas completamente, pelo menos mantenha suas expectativas numa embalagem transparente com menos de 100 mls.
Mas e agora como tá seu relacionamento com Berlin, cê tá perguntando? Tá lindo, Berlin, não é só mais um Tinderelo na sua vida, é amor eterno amor verdadeiro, daquele que te deixa livre e você liga bêbada às cinco da manhã só pra dizer que ama. Berlin me deixou ser quem eu sou, e mesmo se algum dia eu deixar ela, ela nunca mais vai me deixar.


Liebe Grüße
Xu  
 


PS: Desculpem-me, eu sumi do blog, mas só porque eu andava me perdendo por aí, e agora que me achei, voltarei a escrever mais.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Berlin, A Capital Internacional do Desapego e as Dificuldades de se Livrar da Make Salvadora de Todo Dia.


Faz um ano que moro em Berlin, e tanta coisa eu aprendi, mas uma das coisas mais difíceis sem dúvida, é aprender a arte delicada do desapego com a aparência.
Sim, Berlin é a Capital Internacional do Desapego, não oficialmente, mas deveria ser.
As pessoas simplesmente não ligam para nada superficial, e sinceramente enquanto brasileira, isso tem se tornado uma lição difícil de penetrar na minha cabeça dura e ansiosa que costuma a pensar demais na opinião alheia.
Sim, eu tenho essa cara-carapuça que veio equipada com bitch-face crônica, que pode sim dar a impressão de que eu estou pouco me lixando para a opinião alheia, porém/contudo/entretanto/todavia, anos de bullying fizeram com que eu tivesse uma auto-confiança e auto-estima praticamente nulas.
Passe anos no colégio ouvindo que você é muito isso ou muito aquilo, estranha, esquisita, e sei-lá-mais-oquê, e você começa a acreditar nessas "verdades alheias" muito mais facilmente que coisas positivas, que são geralmente raras de serem ouvidas durante infância e adolescência. Sim, crianças são terrivelmente honestas e brutais umas com as outras.
Fiquei com uma obsessão por cheiro, tomo dois banhos por dia, tenho três shampoos, óleos corporais, sabonetes e cremes para diferentes áreas do corpo, desodorantes e perfumes, tudo porque uma vez depois da aula de educação física umas coleguinhas disseram que eu fedia. Podia sair de casa de pijamas, mas minha make estava sempre impecável, blush Emilia style para não parecer o fantasma branquelo que meus coleguinhas sempre insistiram em dizer que eu era, unhas sempre feitas e aquela preocupação de sempre estar apresentável para tudo e todos.
Aí você vai pra um lugar onde o povo está cagando e andando para não acumular em pilhas pra tudo isso... Não, não é verdade, eles se importam o suficiente para te dizer que não é saudável.
Na primeira WG que morei, os meninos conversaram comigo mais de uma vez sobre como tomar tantos banhos por dia não podia ser bom para a pele.
Moro agora em uma nova WG, em Charlottenburg, lado oeste de Berlin, que eu carinhosamente chamo  de Morro da Carlinha, mas que tá mais pra Perdizes Berlinense. Nesta WG, eu moro com mais quatro pessoas dois meninos e duas meninas. E eles são lindos, pessoas lindas por dentro e por fora que eu estou amando mais dia após dia, e as meninas são duas bonecas que nunca estão maquiadas, não usam secador de cabelo e/ou qualquer produto capilar além do shampoo. No que diz respeito aos meninos, um deles é como se fosse meu irmãozinho mais novo, ele é um jovenzinho muito bonito, cabelos impecáveis, dentes perfeitos, e coração de ouro, e outro dia ele me conta que nem shampoo usa, só lava os cabelos com shampoo uma vez por mês quando corta o cabelo, e evita usar pasta de dentes porque acredita que estraga o esmalte dos dentes.
E adivinha...ninguém liga.
Vai pra rua, vai pra balada, as meninas estão usando a mesma roupa, os cabelos curtos ou amarrados num coque simples no alto da cabeça, cara lavada e sem salto alto. Tem clubs que se você estiver produzida nem entra, não passa da fila.
Como lidar com todo esse clima de beleza natural quando M.A.C e DM estão aqui para me fazer ser uma "versão diariamente photoshopada de mim mesma"? Eu não sei, amigue, é difícil! E eu juro pela minha coleção de esmaltes que tento não ser superficial, porque quando o assunto é outrem, eu juro que definitivamente aparência é algo que eu não julgo mesmo, mas quando diz respeito à mim, de novo, eu não posso não experimentar de novo cinco vestidos antes de sair ou encher minha face de delineador e batom vermelho.
Depois de um ano estou começando a melhorar, sábado saí usando só uma camiseta velha como vestido, lápis de olho e um rabo de cavalo, e  olha só que evolução: não uso make desde então! Mas ninguém me separa dos meus sais cheirosos de banho, ainda vai demorar pra eu desapegar deles.

Liebe Grüße
Xu  
 




sábado, 16 de agosto de 2014

OkCupid and the City.


Berlin é uma cidade de pessoas que vem e vão, depois de um tempo aqui a sensação é de que você é a única pessoa que não está apenas de passagem, e talvez por ser tão volátil, amizades ~às vezes ~ e relacionamentos podem ser igualmente rápidos e passageiros.
Sair numa noite berliner definitivamente não é como sair numa noite em São Paulo caso você seja uma mulher, portanto, não espere pelos boys que chegam-chegando malandros e na malandragi, aqui na balada a galera vai para curtir a música, e você pode muito bem passar uma noite inteira se acabando de dançar trocando apenas algumas palavras com o barman cada vez que pedir um gin&tonic, ou você pode corresponder aos olhares daquele cara alto tatuado de barba com cara de italiano e em alguns minutos ele vai se aproximar e dizer aquela frase que toda garota espera ouvir sua vida inteira: "Vamos para o darkroom?"...UEPAAA, NÃO ERA BEM ISSO QUE EU QUERIA OUVIR, MINHA GENTS! Mas não importa muito se era isso que você queria ouvir, o approach no geral é o mesmo, e da mesma maneira a minha resposta não muda: "Gato, devem haver pelo menos 400 pessoas nessa balada, continua procurando que uma hora alguém topa colar com você no darkroom, quanto a mim, eu tenho medo do escuro." Claro que também que não dá para generalizar, ainda existe a chance de ele estar te olhando porque na verdade é um dealer, e veio falar com você para te perguntar se você quer comprar drogas.
Em ambientes assim fica um pouco difícil conhecer pessoas, e talvez por isso muitos recorrem aos Tinder, OKCupid, Grindr da vida, você sabe... Todos esses apps que fazem o processo todo ficar ainda mais maluco. E é verdade que conheço exemplos de pessoas que viveram felizes para sempre após conhecerem sua respectiva tampa da panela nesses aplicativos, mas também conheço um significante número de pessoas que utiliza os mesmos apps como uma espécie de cardápio do dia; "Prato principal do almoço: loiro, 1,90, gosta de correr e assistir Breaking Bad e está a 800 metros de mim"...
O Tinder eu ouvi falar a primeira vez através de amigos quando ainda estava em São Paulo, mas nunca me interessei, o Grindr me pareceu ser sempre o ponto em comum de todos os meus amigos gays, mas enquanto menina moça que sou ~apesar de às vezes parecer travesti~ nunca pude entrar, mas gosto de dar palpite nos boys que meu bestie acha por lá, e dou boas risadas às vezes com as messagens aleatórias que eles enviam para o meu super lindo amigo.
A primeira vez que ouvi falar de OKCupid, ou OKC para os íntimos, foi através de uma amiga querida jornalista, ela que estava começando um projeto jornalístico incrível que faz uma conexão Berlin-Brasil, me chamou para uma entrevista sobre relacionamentos, e no final ficamos trocando figurinhas sobre a vida romântica e relacionamentos em geral para nós, estrangeiras vivendo la vida loca berlinense, e ela me falou desse site/app, disse que era incrível para fazer amigos, assim como conhecer caras legais, e que ao contrário do Tinder, não era tão pautado em sexo. Na época eu estava começando um relacionamento, e achei legal a ideia, mas achei melhor passar sem por enquanto, já que estava de boas com meu boy.
Seis meses de vários momentos legais que terminaram de forma abrupta depois de ele fazer uma lista de defeitos que eu possuía ~e que ele sugeria que eu mudasse em mim para o meu próximo relacionamento já que ele mesmo não podia mais suportar o fato de que eu falo com gente que não conheço e tenho muitos amigos...~, eu pensei "WARUM NICHT? Oxe, mas por que não?!", e criei meu perfil, coloquei fotos incríííveis como essas:



Fiz uma bela descrição condizente com a personalidade e olhar DDA para o mundo, e o show de horrores começou. Primeiro que percebi que a galera desconhece o sentido de sarcasmo por essas bandas da internet, vejam bem, no meu perfil eu dizia que tinha nascido na casa da Björk, mas que fui criada na Ilha de Páscoa, que meus pais eram duas estátuas gigantes de pedra, que eu atirava feijões pelas mãos e transformava minhas pernas em tigres. OK, pouco absurdo, né?! Mas vocês se impressionariam com a quantidade de gente que me mandou mensagens perguntando se de fato eu conhecia a Björk.
Recebia por dia cerca de 20/30 mensagens de homens não só de Berlin, mas da Turquia, India, EUA, Noruega, Israel, Irlanda, etc, e eu me perguntava como essa galera me achava se minhas configurações estavam voltadas somente para a capital alemã. O conteúdo dessas mensagens também variava, o mais comum era a versão gringa de "Oi, quer tc?!", mas também tiveram algumas pérolas, até hoje não esqueço de uma que vou escrever em inglês porque em português perde um pouco o sentido: "I wish you could be my big toe, so I could bang you on my coffee table."  Outras propostas sexuais diretas ~fiquei surpresa com a quatidade de gente que disse querer me ver em latex e com chicote na mão~, alguns convites para ménage à trois, e até mesmo convite para orgia em masmorra de castelo no sul da Alemanha teve.
Devidamente bloqueadas, essas mensagens me fizeram pensar um pouco, por que se existe oferta, então existe demanda, e fiquei tentando imaginar o tipo de pessoa que sai com o cara que diz que queria que você fosse o dedão dele, ou como é a mulher que aceita a orgia na masmorra na sua rotina diária, onde vivem? Do que se alimentam? Sexta feira no Globo Repórter.
Claro que conheci gente legal, fiz alguns amigos, mais ou menos. Hà-hã! Bem...O que acontecia é que começava a conversar com os caras online, combinávamos de nos encontrar, conversámos por horas, eles sempre elogiavam meu gosto para música/filmes/livros/séries, minhas habilidades em falar diferentes línguas, diziam que eu era muito engraçada e darará, mas quando eu deixava claro que não sabia o que estava procurando, que estava mais pra amizade ~"Aiii, acho que é amizade, Seu Silvio"~ e que não ía rolar nada mas que a gente podia se ver novamente e tomar uns bons vinhos, as respostas eram "Sim, sim...Claro, vamos marcar", mas nunca mais ouvia falar nas criaturas. Só um. Teve um, o Moody ~ vou chamar ele assim~, ele foi o único que permaneceu, continuou meu amigo.
Deletei minha conta já faz uns meses, spam demais na minha caixa de emails, e também porque cansei dessa brincadeira. Cansei das mesmas perguntas, das mesmas respostas, cansei, sabe?!
Vou continuar dançando a noite inteira em companhia dos meus gin&tonic, curtindo o som, curtindo as luzes da noite na cidade que virou minha verdadeira paixão, e que eu não preciso de um app para conhecer, é ao vivo em cores e eu nem preciso de Iphone.
Liebe Grüße
Xu  










quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Eine schüchtern Brasilianerin e o FKK alemão.




Não que eu seja realmente tímida, todo mundo que me conhece sabe que eu falo mais que o homidacobra, mas mesmo com todas as vezes que falei em público em palestras sem um pingo de vergonha na cara, eu não possuo traquejo social para manter simples conversações com desconhecidos e me sinto deveras intimidada com a nudez alheia.
Quando pela primeira vez em Amsterdam, eu andava pelas ruas do Red-light District tentando com toda a minha alma não olhar diretamente para vitrines com belas mulheres nuas em display.
Aqui na Alemanha porém as pessoas são acostumadas com o corpo nu, inclusive em ambientes públicos como lagos e parques.
Conhecido como FKK, o Freikörperkultur ~Cultura Livre do Corpo, em tradução literal livre e bananística desta que vos posta~ é um movimento alemão que endorsa um aproach  naturista para vida em comunidade, ou seja viver livre, leve e solto de boas nu com a mão no bolso, sem qualquer conotação sexual em ambientes de convívio social.
A primeira vez que ouvi essa expressão foi quando fiquei embasbacada ao ver quatro caras usando sapatos, e nada mais, sentados num sofá no interior Berghain, enquanto um outro peladão fazia feliz uma perfomance de pintocóptero ao som de música eletrônica. Quando meu amigo viu minha cara de choque o comentário foi direto "FKK, babe, cê não é brasileira, poxa? O povo não fica pelado no Carnaval?", ãhnnnnn, NÃO ASSIM, GENTCHY!
Quando o verão deu as caras por aqui parece que a alemoada se jogou na vibe semlençosemdocumento. Com trinta graus e o calor abafado berlinense, todo mundo vai pros lago tudo, e aí crianças, casais, tias, tios, avós e avôs, todo mundo caminhando com as parte balançando e/ou tomando um ventinho, e eu sentadinha na grama querendo enfiar minha cara nas páginas do livro que eu estava lendo ao responder para uma tiazinha peladona que procurava um banheiro. E aí quando eu digo que no Brasil é proibido o topless nas praias são eles que ficam chocados, e sem entender o meu constrangimento.
Não me levem a mal, amigos, não tou julgando, queria eu ser livre das amarras sociais que ainda me fazem ser presa a ilusão de que estou mais "protegida" atrás de um biquini minúsculo de confecção brasileira, que com as peitchola sorta tudo, sinto até uma invejinha da galera que tira a roupa no meio da rua e se joga no chafariz perto de Frankfurter Tor em dias quentes, mas essa brasileira aqui prefere continuar de short e camiseta, mesmo que um seja curtíssimo e o outro tenha um decote profundo.
Sô boba de roupa, schüchtern e pudica, me deixa.

Liebe Grüße
Xu  

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Um monstro chamado "Ausländerbehörde" e a assustadora história do visto alemão


O Ausländerpapão vai te pegar!
Quando resolvi vir pra terra da currywurst, como muitos outros estrangeiros não europeus eu não tinha ideia de como seria o processo de pedido de visto aqui, e como muitos brasileiros ouvi histórias horrorosas sobre o Ausländerbehörde, ou a casa de registro de estrangeiros na Alemanha.
Seis meses depois, em fórums e grupos de brasileiros na Alemanha ainda encontro histórias tensas, e experiências horríveis que incluem, filas intermináveis, noites no frio só para não conseguir uma senha, burocracia e muitas intermináveis listas de exigências, combinadas com péssimo atendimento e nenhuma informação.
Minha experiência, para minha surpresa ~ porque devo ser honesta, tava me cagando de medo e nervoso quando chegou o dia da minha entrevista ~, foi tranquila e bem positiva, mas isso aconteceu porque eu tinha tudo organizado e entrevista marcada.
Depois de ter feito minha Sperrkonto, um tipo de conta estudantil bloqueada, com dinheiro suficiente para se manter por no mínimo um ano num banco alemão, com meu Anmeldung registrado em Berlin, um bom curso intensivo de alemão, e um bom seguro saúde, marquei pela internet minha entrevista.
Cheguei no local ~que em Berlin fica nos cafundós do brejo, depois que Judas já tinha perdido até as meias~e me dirigi para a Z2, setor de vistos para estudos e pesquisa, e lá esperei até ser chamada. Na sala onde fui atendida, dois funcionários entrevistavam eu e um outro moço, a entrevista foi em alemão, mas quando fiquei confusa, o atendente prontamente me respondeu em inglês e tirou todas as minhas dúvidas possíveis.  Ele me explicou que na época eu estava solicitando o visto errado, pois como tenho interesse em ingressar numa universidade aqui, precisaria de documentos escolares e universitários em tradução juramentada, além de todos os outros documentos que eu trouxe comigo no momento. Foi gentil ao ponto de marcar uma nova entrevista a tempo de eu providenciar toda a documentação que me faltava, e me deu visto temporário para organizar tudo, ainda me tranquilizou dizendo, "você tem tudo certo, só mais esses documentos e não terá mais problemas".
Até março do ano passado as regras para residência de brasileiros na Alemanha eram muito mais brandas, a Sperrkonto não era obrigatória, era possível fazer um documento de compromisso financeiros dos pais, assinado ainda no Consulado Alemão no Brasil, dizendo que eles se comprometeriam em prover para você enquanto estivesse residindo e estudando na Alemanha, ainda com visto de estudante de alemão você conseguia ficar até dois anos e podia solicitar renovação.
 A situação crítica econômica da UE e a migração em massa para países que mantém enconomia forte, como a Alemanha, obrigaram o governo a fazer uma reforma nas regras de permanência de estrangeiros no país. Mas essas novas regras e alterações são explicadas no site do Consulado Alemão no Brasil e no site do Ausländerbehörde de Berlin, e no site da Embaixada do Brasil na Alemanha tem uma lista de advogados que atuam em casos de imigração, se necessário. 
Só o visto de estudante, por exemplo, possui várias categorias diferentes, dependendo se você vai fazer um curso de alemão ou planeja ingressar numa universidade/mestrado/phd aqui, isso sem mecionar pesquisadores, doutorados/metrados sanduíche, programa ERASMUS, e outras situições que têm suas próprias especificidades. Como o meu caso foi o segundo, eu precisei de foto estilo de passaporte, documentos do meu seguro saúde, certificado provando que eu estudo alemão em uma escola intensiva (mais de 20 horas por semana), num curso diurno que não pode ser somente em fins de semana, documentação (certificado e histórico) do colégio e da universidade que estudei no Brasil em tradução juramentada para o alemão, provas de que eu já estava em contato com universidades daqui ( no meu caso emails que troquei com as universidades da minha escolha), documentação com saldo da minha conta bloqueada no Deutsche Bank, endereço registrado num Bürgeramt de Berlin, original e cópia do meu passaporte, e um formulário de requerimento de permanência na Alemanha, que eles disponibilizam para você em pdf quando você marca horário, impresso e preenchido. Para visto de estudante de curso de alemão apenas são quase os mesmos documentos, com exceção que você não precisa apresentar seus documentos escolares/universitários e vínculo/contato com uma universidade aqui, mas o visto de estudante de alemão apenas agora não é mais renovável, depois de um ano você tem que picar a mula de volta pro Brasil e/ou ficar três meses fora do território da União Européia, e se quiser voltar tem que juntar todos os documentos e grana de novo. Lembrando que visto de estudante não permite que você trabalhe fora da universidade oficialmente, ele só te dá permissão para estágios, e no caso do visto de estudante em curso de alemão você está legalmente impedida de trabalhar, por isso que tem que provar que tem recursos para se manter durante o período que deseja ficar. 
Para visto de trabalho, eu não sei qual a lista de documentação, mas até onde eu me informei, o visto de trabalho só é dado nas seguintes situações: Aupair, ou se a sua profissão é uma profissão especializada (engenheira, jornalista, profissional de TI, enfermeira...) e a empresa te contratou enquanto você estava no Brasil, ou a empresa é brasileira mas atua na Alemanha, e nesse caso você e a empresa entram com o pedido de visto de trabalho na Alemanha ainda no Brasil, ou você faz parte do programa Make It in Germany, mas de novo, neste caso a entrada com o pedido de visto, residência, trabalho e treinamento é feito ainda no Brasil, ou ainda se você tem dinheiro para investir no país, abrindo um negócio próprio que vai gerar empregos para cidadãos europeus ou alemães, ou claro se você for casada com um cidadão europeu ou alemão. De outra maneira o site do Consulado da Alemanha no Brasil em geral deixa bem claro que não é concedido visto de trabalho para brasileiros, mas eu posso estar errada, podem haver exceções, mas nesses casos sugiro que se procure um advogado especializado.
O que estou tentando dizer é: procurem se informar através de sites oficiais e fontes oficiais. É legal ouvir opiniões sobre, e é de certa forma confortante saber que alguém já passou por isso tudo e conseguiu, mas somente quem poderá tirar todas as dúvidas de vocês são os especialistas no assunto que trabalham diretamente com isso todos os dias e tem conhecimento de como esses processos legais funcionam, no fim o Ausländerbehörde não é um monstro, é uma instituição do governo alemão, que tem regras específicas e que se você estiver bem preparado e informado, vai evitar todo um sofrimento desnecessário. 
Você nem precisa concordar ou gostar de todo esse processo e burocracia, ou falta de informação. Mas lembre-se que 1) diplomacia é baseada em lei de reciprocidade, então tudo que você passa para conseguir viver num país estrangeiro, os estrangeiros também têm que passar para viver no seu país, 2) você escolheu esse país por livre espontânea vontade, eles não são obrigados a fazer exceções para você, você tem que se adaptar às exigências deles, e se você não concorda com isso, você é livre para procurar outro país para morar ou voltar para o seu país de origem, poderia ser muito pior, refugiados não tem essa opção, 3) a informação quem tem que buscar é a gente, se você se interessa por um assunto, ou quer saber de uma coisa, corra atrás, não espere que ninguém vá te dar uma receita pronta de como virar cidadão europeu, vai pesquisar, gente. 
No fim, o Ausländerbehörde não é o bicho da cara preta, e seus processo de pedido de visto não precisa ser uma história de horror, desde que você tenha certeza que se preparou, cobriu todas as possíveis falhas, buscou se informar sobre os fatos, e sempre conte com o apoio da sua família/amigos/parceiro(a). 

Liebe Grüße
Xu   

PS: Seus lindos do meu coração, meus iaiás, meus ioiôs, eu tou ligada que esse poste foi mais sério que de costume, mas visto é assunto sério mesmi, e a tia só qué ajudá o6. <3 Prometo que o próximo poste vai ser um pouco mais leve, e vou contar um pouco como é morar no térreo com a janela pra rua, num bairro movimentado como Friedrichshain.