quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Berghain, O Mito/ Quando em Berlim dance música eletrônica...De qualidade.



Berlim é uma cidade incrível cheia de pessoas loucas...por música eletrônica. E o que mais você vai encontrar são clubs escuros que abrem na sexta e não fecham até domingo, onde a música não pára e as pessoas não cansam. Hello, Molly!
A minha primeiríssima-primeira experiência em um club berliner, eu nem conto muito, os queridos flatmates da minha segunda host, Amélie, me levaram nesse lugar, que eu by the way, não lembro o nome ou onde fica, cheguei lá e tudo ía muito bem, conversei com algumas pessoas, a música era boa, conheci um moço muito legal que usava um chapéu do Jake The Dog, que eu muito quis pra mim (o chapéu, no caso), mas lá pelas tantas, ou melhor lá pelas poucas, porque eu devo ter ficado duas horas no lugar, minha pressão foi pro saco, o ambiente era quente pra dedéu e a fumaça era demais até pra mim, so eu entrei num taxi e voltei pra casa quase desmaiando. Pressão baixa é uma coisa tão legal, sqn.
E aí uma belíssima sexta-feira, eu e o Arthur, meu bestie lindo companheiro de aventuras, resolvemos ir no Berghain. Pra quem não sabe o Berghain é uma das baladas mais famosas da Alemanha e da Europa inteira, grandes djs já passaram por lá, e os bouncers são conhecidos por serem exigentes e a fila enooooorme, porém quase ninguém entra, por isso quando chegamos lá, eu estava praticamente me cagando nas calças de nervoso.
Na fila não tinha quase ninguém, e o moço da porta, enorme cheio de piercings e tatuagens no rosto com uma cara de puto com a vida, mal nos olhou, só perguntou em quantos nós estávamos, e o Arthur respondeu: "Zwei", sem mostrar os dedos, e foi isso estávamos dentro.
Na sexta, assim como em outros dias, só o Panorana Bar está aberto, então você, entra, passa pela revista, paga, recebe o carimbão no pulso, se dirige à chapelaria, e sobre uma escadinha até entrar nesse lugar, que apesar de parecer um pouco com outros lugares que você vai ver aqui, ao mesmo tempo não tem nada a ver com nada que você já tenha visto ou vivido na vida. Música incrível e contagiante, fotos gigantes lindas do Wolfgang Tillmans na parede, e gente de TODO o jeito, gents lindas, gents loucas, gents beyond loucas, gents boneco de Olinda style de tãoooo loucas, enfim as gents tudo. Gostei tanto que voltei sozinha outras vezes.
No sábado do mesmo fim de semana, colei lá quase de manhã, fiquei com medo de não entrar sozinha e com meu alemão zuado, estava mais nervosa que da primeira vez, e quando cheguei na porta o bouncer assustador sinalizou pra eu entrar e ainda falou "Sorria, fia!", e eu comecei a dar gargalhada, de nervosa que estava, e aí ele ainda disse "Viu, ó, bem melhor! Você é mais bonita sorrindo!" Confesso que morri por dentro um pouco quando o bouncer mais assustador do mundo me falou pra sorrir porque eu estava muito séria, mas são os perks de viver com bitchface crônica.
Sábado é oooooutra história, é gigante, e em vez de sair na portinha e subir as escadinhas, a lateral da chapelaria está aberta com portas enormes e você sobe outras escadas de ferro até uma pista grande, e lá é gents pra todo o lado falando todos os tipos de línguas, nos queijinhos, nas grades das escadas, dançando techno enlouquecidamente, hi, Molly, is that you again?
E o Panorama Bar continuou sendo meu lugar de escolha, apesar de que há muitas salinhas, bares e lounges para serem explorados, tome cuidando porque se descer as escadas demais vai cair no dark room, a menos que seja isso que você quer, quem sou eu pra julgar?!
Quinta feira passada, voltei lá, como já contei em outro poste, and it was amazing, foi meu dia preferido até agora, mas eles só abrem em algumas quintas para shows especiais, somente no Panorama Bar, e tem menos pessoas e menos turistas.
E até então não tinha entendido muito bem o lance da porta, todas as vezes que tentei entrar, eu não só entrei como fui muitíssimo bem recebida, mas via sempre uma galera sendo mandada embora, pessoas mais bonitas e bem vestidas que eu, e nas internete tudo, achei um monte de gents falando sobre como era difícil entrar no Berghain. Na quinta eu descobri o porquê, bem na minha frente tinha um americano típico douchebag, falando que ele tinha que entrar lá, que ele era um grande dj nos EUA e que darará...Ficou um tempão de mimimi, e por soltou uma tipo: "Eu conheço gente, vocês vão se foder..." Dei uma olhada em volta e percebi que garotas lindas super bem arrumadas em saltos também não entravam, e de repente caiu a ficha. O lance é JUST CHILL, seja você mesmo, desde que você mesmo não seja um douchebag, use roupas discretas e confortáveis, você vai se acabar de dançar FOR GOD'S SAKE, não adianta ir montada que não vai rolar, fia. Outra coisa, não há espelhos em nenhuma parte do lugar, então pra que encher a cara de make, se vai derreter tudo e você não vai poder retocar? Fotos lá dentro são proibidas, então favor não fazer a linha turistão e/ou fotógrafo da balada, o que acontece lá dentro, fica lá dentro, e você com certeza também não vai querer ter sua experiência documentada, dependendo da sua experiência, claro...Grupos grandes também não entram, porque geralmente grupos grandes podem causar mais, e eu acho, particularmente, que quando você está num grupo grande de amigos, você curte mais seus amigos do que a experiência e ali é uma EXPERIÊNCIA, que deve ser aproveitada propriamente sem limites ou pudores, mente aberta é essencial.
O lugar é sensasional, um prédio antigo perto da estação Ostbahnhof, no limite dos bairros mais legais de Berlin, Kreuzberg e Friedrichshain, inclusive o nome vem daí, BergHain, got it?! É totalmente gay friendly, e realmente maravilhoso, e o melhor pa mim, é do lado de casa, vou caminhando. ;P
Os preços são ótimos, se você pensar no padrão São Paulo de baladas famosas, quinta feira 8 euros, sexta 12 e sábado 14, mas o mais legal, é que como em outros lugares de Berlim, com o carimbo no braço, você pode voltar pra casa dormir, e voltar depois, só mostrar seu carimbinho.
A cerveja e os drinks também não são caros, e eu posso seguramente dizer, que a música e o lugar por si só são tão incríveis, que você não vai nem sentir falta de ficar mailocoqobátima.
O Berghain se tornou um dos meus lugares preferidos, você pode ficar horas dançando sem ninguém te encher a pelota, ou você pode trocar ideia com gente de todo o tipo e de todo lugar, é só você ir com mente e coração abertos, sem preconceitos ou julgamentos, ser você mesmo e curtir. Caso você cole lá, dance por mim e tome um gim-tônica, quem sabe até a gente se vê na pista do Panorama Bar.

Berghain/Panorama Bar
Wriezener Bahnhof
10243 Berlin

Liebe Grüße
Xu 







segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Rum Trader Berlin, Mein Herr/Noite Passada nos Anos 30.



Semana passada fui encontrar a queridíssima Amélie, minha última host aqui em Berlim antes de eu finalmente achar meu cafofo. Fomos em um dos meus lugares preferidos para comer por aqui - o Markthalle - um lugar mágico de comida de rua deliciosa toda quinta à noite, mas prometo que faço um poste inteiro sobre ele em outra ocasião. Depois da minha pancinha ficar satisfeita fomos dançar, e como eu estava Animadinha da Estrela, caí no Berghain de novo, outro lugar incrível que merece um poste inteiro só pra ele. Bem, quinta é um dos melhores dias no Berghain, é mais vazio e somente uma parte do club está aberta, mas é a minha parte preferida, o Panorama Bar, e as pessoas te deixam dançar na sua bolha tranquilamente mesmo que você esteja sozinha. E era isso que eu estava fazendo quando conheci um pessoal muito legal de Munich. Well, conversa vai conversa vem, gin e tônica e música eletrônica...You know what I'm talking about...Não, calma nada disso...Hahahaha! Cês sabem quando os bons drinks sobem e você tá lá contando a vida/ouvindo sobre a vida do aleatório, quando um moço do grupo me deu um cartão desse bar no lado Oeste de Berlim, Rum Trader Berlin.
Sinceramente, eu achei muito engraçado o cartão e a maneira como ele fez a apresentação do bar, mas ao mesmo tempo fiquei muito curiosa.
No sábado, então fui numa exposição de arte na região - Charlottenburg-Wilmersdorf - e decidi colar lá, chamei meu bestie brasileiro na Alemanha, Arthur, e fui procurando o lugar enquanto ele não chegava, e a Fasanenstraße parecia que não acabava, saí do fervo que é pras bandas da UDK, e começou a se tornar uma rua silenciosa e bem residencial, fui caminhando devagar quando de repente achei o lugar.
Numa esquina uma portinha fechada, uma janela escura na lateral, uma bandeirinha e um pequeno quadro de avisos sobre o horários e formas de pagamento. Brasileira afobada que sou, tentei abrir a porta, tava trancada, a rua absolutamente vazia, e eu ali no frio já pensando, "caraleo, onde eu fui amarrar meu bode de novo?", quando já estava desistindo vi o sinal de "toque a campainha e aguarde", mas aí já tinha um grupo de meninas bonitas na minha frente e elas fizeram isso por mim. Aguardei e o moço saiu: camisa listrada, gravata borboleta, colete e calça social em corte impecável - alfaitaria alemã é incrível, meine Damen und Herren - cabelo meticulosamente penteado num perfeito old fashion style e óculos de aro. Fiquei meio idiota, e fiz dancinha do caranguejo quando você dá de cara com um estranho - de um lado pro outro, de novo meio afobada pra entrar - quando o moço diz, "Calma, deixa eu te apresentar o bar primeiro." Quis cavar um buraco e entrar dentro dele imediatamente, mas o bartender, ou Herr Tafel, para os clientes, foi super gentil e me acompanhou até dentro do bar.
Uma viagem no tempo, minúsculo, sério, o bar inteiro deve ter uns 40 metros quadrados ou menos, com apenas uma mesa e bancos altos próximos ao balcão de madeira envernizada, ou seja se você quiser sentar, faça reserva antecipadamente ou fique em pé por quase toda a noite, mas a música - playlist escolhida a dedo, que começa com músicas de swing proibidas pelo regime durante o período da guerra, e que termina deliciosamente com Wagner quando o bar está prestes a fechar -, a decoração, o cardápio, os copos e taças, tudo remetia a uma Berlin que só existe ainda em lugares como esse, e que eu, até então, não tinha tido o imenso prazer de conhecer.
Os drinks em sua maioria são cocktails à base de rum - Rum Trader Berlin, dã! - mas eles tem ótimas opções em gin e champagne, que acabou sendo a minha escolha. E o negócio legal é, você pode pedir o menu, mas é muito mais divertido dizer o que você gosta e se deixar ser surpreendida pelas maravilhas que os bons homens do outro lado do bar podem fazer por você dentro de uma pequena taça. Em um determinado ponto, eu simplesmente falei, "Ok, eu não conheço nada então me surpreenda!", e a surpresa veio deliciosa em uma taça de prata e cobre que me deixou querendo que não acabasse nunca.
Além disso, e talvez o melhor são os personagens que trabalham lá, monarquistas assumidos - uma foto da Rainha Elizabeth no banheiro, mais uma calorosa e interessante discussão sobre os monarcas brasileiros/monarquiaXdemocracia/papel político do monarca/interferências da Rainha Elizabeth na Austrália, deixaram isso claro - contando histórias sobre a antiga e proibida Berlim para os clientes no balcão do  bar.
Saí de lá querendo ficar mais e ouvir mais histórias, mas é um daqueles lugares que você vai com uma mente aberta para opiniões diferentes, e que você frequenta para longas conversas e ótimos drinks, então se você concorda com Jordan Baker, e prefere lugares grandes e festas gigantescas, talvez esse não seja exatamente o lugar para você.
Do contrário, os anos 30 e 40 estão logo ali, aproveite a viagem e tome uma taça de champagne por mim.

Rum Trader Berlin
Fasanenstraße 40 
10719 Berlin
Liebe Grüße
Xu

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

The Anmeldung Saga - AGORA SIM VOCÊ MORA NA ALEMANHA (Well, kinda...)



Tudo certo, agora você tem uma casa bem vinda à Berliiiiiiiiiiiin!
Para várias coisas na vida, ter um cafofo quentinho onde você pode se esconder do mundo e comer chocolates enquanto assiste pornografia sua série preferida sossegada, já basta. Mas para outras coisas você precisa de um comprovante que este seu cantinho existe num endereço da cidade que você escolheu para viver.
No Brasil a gente tem o comprovante de residência, que é uma conta de consumo em seu nome, e que você usa para abrir contas em banco, se matricular num curso/escola/faculdade, enfim essas cousas.
Aqui na Alemanha você precisa de um Anmeldung, que é um registro feito no Bürgeramt - escritório de registros de residências local, geralmente fica perto da prefeitura/sub-prefeitura/posto policial local - e mostrar seu passaporte, contrato de locação e/ou uma carta do proprietário/locatário dizendo que você mora lá feliz e contente desde tal data.
Fácil né?! Deve ser super simples, afinal de contas na Alemanha não pode ter filas e tals...Aham, vai pensano bem assim que isso vai te levar longe, fio.
Você acorda cedo, vai até o Bürgeramt responsável pelo seu distrito - não adianta você ir em Kreuzberg registrar uma endereço em Neukölln porque lá é mais vazio, acreditem, eu tentei...- prepare-se para levantar sua bundinha linda de nenem da cama quentinha mantida pelo aquecimento incrível do seu apartamento e sair no friozão e enfrentar uma senhora fila. Afinal de contas, babe, você não foi o único que mudou de endereço nos últimos tempos.
Chegue lá bem cedinho, pegue a ficha e o formulário, preencha os campos necessários - dica, aparentemente dizer que não tem religião, sim, eles têm um campo pra isso, exclui você de ter que pagar um imposto a mais - são muitas perguntas e o formulário é em alemão, se você não compreende, espere até ser atendido e eles lhe darão uma tradução em inglês. E espere, espere e espere. Leve um livro, iPod, até um lanchinho, eu fiquei quase quatro horas numa salinha lotada esperando para chegar a minha vez.
Quando o quadro luminoso finalmente brilhar pra você com o número mágico da sua senha, vá lá dentro e espere que um funcionário público com tão boa vontade quanto um funcionário público de uma repartição pública cheia de burocracia brasileira vai te atender, digitar aquele monte de coisas que você escreveu no formulário, nem olhar pra sua cara, imprimir e carimbar um papel que diz que: AGORA SIM VOCÊ MORA NA ALEMANHA. Bom, mais ou menos.

Liebe Grüße
Xu

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Airbnb e eu: aventuras na humilde residência de outrem.



A coisa louca de você ir para outro país sem ter ideia de onde vai poder ficar é meio desesperadora. Duas semanas antes de eu picar minha mulinha pras bandas da Batatolândia (ou seria Kebabolândia?!) eu me descobri na situação pouco confortável de não ter um lugar para dormir, e tive que me virar de alguma maneira.
Depois que a nuvem de lágrimas sob meus olhos se dissipou, eu vasculhei a internet atrás de hostels, que até então parecia a opção mais barata, e que também talvez me ajudaria a conhecer algumas pessoas por aqui. Mas considerando que minha viagem já estava marcada para poucos dias depois disso, todos os quartos single já estavam reservados, e a ideia de passar quinze dias dividindo quartos com 32643654376254763254 pessoas desconhecidas não me parecia muito boa.
Foi aí que através de luz divina apareceu para mim em formato de site de buscas - Google é um lugar maravilhoso - e eu descobri o Airbnb.
Simplificando bastante, o Airbnb é um site, ou melhor uma mídia social, onde pessoas (anfitriões ou hosts) oferecem seu cantinho - quarto, apartamento, fazenda, casinha de sapê - para alugar por dias, e outras pessoas (hóspedes desesparados como eu) criam um perfil bonitinho para procurar justamente um cantinho para dormir sossegado.
O processo é bem fácil e o site tem versão em português com preços em reais, você entra lá e procura na cidade que você deseja - milhares de cidades ao redor do mundo, inclusive no Brasil - e ainda pode refinar a busca de acordo com suas necessidades - se você quer um quarto só pra você, se você quer um apartamento para sua família, em qual bairro, faixa de preço, etc - , além disso os perfis tem fotos dos apartamentos, descrições e geralmente comentários de outras pessoas que já se hospedaram lá.
Aí você acha aqueles que gosta mais e tem a opção de mandar mensagem para o seu host fazendo as perguntas que desejar dizendo que tem interesse em se hospedar lá em tal data. Fique atento para a resposta, que geralmente vem rápido, e nem sempre é positiva, afinal só porque o cara postou lá, não quer dizer que o bonito quer te receber e/ou o quarto/apartamento está disponível para tal data - sim, há calendário com a disponibilidade de datas na página, maaaas, nem sempre a galera atualiza, justamente para poder dar essa desculpa depois.
Uma vez que tudo está certinho, e seu host te deu uma resposta positiva, você reserva, e paga com cartão de crédito, e depois é só combinar diretamente com seu anfitrião como vai pegar as chaves e outros detalhes importantes.
Quando cheguei aqui fiquei num quarto gigante em Prenzlauer Berg, perto da estação UBahn Rosenthaler Platz, que é pertinho do centro de Berlim. Meus hosts eram dois boys incríveis super gente fina/elegante/sincera que nunca estavam em casa, mas quando estavam, se desdobravam para me ajudar em tudo que eu precisei. Quando meus dias lá se acabaram e eu ainda não tinha arranjado um WG, eu aluguei também via Airbnb um quarto de uma francesa super fofa em Neukölln, ela estava indo passar uma semana na França com a família e alugou seu quarto para ganhar um dinheirinho enquanto viajava. O apartamento era super bacana, e ela morava com quatro meninos italianos suuuuuper legais que cozinharam pra mim e até me levaram no meu primeiro club berliner - história pra outro poste.
Das duas vezes me senti super em casa, tive cama confortável, cobertores e roupas de cama limpinhos, cozinha a minha disposição, banheiro com água quente e todo o conforto de estar numa casa, e os preços foram muito bons no primeiro, pela localização e por ser um quarto novo usado somente para hospedagem paguei 35 euros por dia, e no segundo 16 euros por dia, o que se tornou mais barato do que ficar num hostel com 3764378657435743576456734 pessoas no mesmo quarto.
O Airbnb cobra uma taxa de serviço, e alguns hosts pedem um despósito de segurança que é feito através do próprio cartão de crédito, mas que é devolvido uma vez que você sai de lá e deixa tudo certinho como encontrou, sem quebrar ou levar nada embora.
Eu posso dizer que tive sorte de achar hosts incríveis e lugares muuuuito bons, dei uma vasculhada na internet, e é claro vi reclamações, mas na maioria das vezes eram casos de pessoas que não leram direito a política de cancelamento da reserva e queriam sua grana de volta a qualquer custo. Also, ter um perfil legal no Airbnb é bem importante na hora de entrar em contato com seu host, então coloque uma foto sorrindo, fale brevemente de você de uma maneira positiva, e uma vez que você estiver lá, lembre-se que você é um hóspede, está pagando, mas ao mesmo tempo está na casa de outra pessoa, então agir educadamente e ser gentil não vai fazer você perder um braço, mas pode, pelo contrário, te levar longe e te aproximar das pessoas que estão te recebendo. Então, o que eu particularmente acho, é que se você fizer sua pesquisa direitinho, esclarecer tooooooooodas as sua dúvidas com seu host, e ler todas as letras miúdas, you're good to go.

Liebe Grüße
Xu


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

WG Sweet WG!



Pra quem não sabe, vim pra Berlim meio que com a cara e a coragem, e só. De início eu tinha feito planos para ficar por umas semanas na casa de uma amiga, mas planos mudam.
Então quando a casa de amigos não era mais uma opção, procurei ainda no Brasil por um lugar para ficar temporariamente no AirBnB - que eu prometo explicar melhor em outro poste - e pensei que uma vez que eu estivesse aqui, acharia facilmente um lugar mais definitivo...Oh, silly me!
No Brasil, quando me mudei para São Paulo, morei um tempo num apartamento alugado pelo meu pai, depois fui morar com queridos amigos, e assim a coisa foi indo...Durante sete anos morei com amigos, namorado, amigos, amigos e assim foi minha vidinha de cigana. Sem grandes dificuldades de achar um lugar, sempre tinha alguém pra ajudar e até mesmo emprestar uma cama. Aqui não é exatamente assim, primeiro porque eu não conhecia uma viva alma, e segundo porque achar um quarto num WG - flat dividido por estudantes - em tempos onde o FUCKING PLANETA INTEIRO está tentando vir morar/estudar/trabalhar em Berlim, faz essa tarefa se tornar um verdadeiro challenge, mas como diria o muso Barney Stinson: CHALLENGE ACCEPTED!
Aí então eu fui lá e me inscrevi em vários sites para achar meu tão sonhado cantinho cherooouuuuso, no EasyWG e WG-Gesucht entre outros,  além de acessar religiosamente o Craiglist, cheguei a mandar mais de cem emails em um dia, todos ressaltando minhas qualidades brasileiras, you know, dizendo que era supeeeer amigável, limpinha e curtia cozinhar e uns bons drinque.
No WG-Gesucht você ainda pode fazer seu perfil com foto e tudo, então as gents que quer dividir e tem apartamento também pode mandar os email tudo pra você, e você pode escolher procurar por localidade, claro que quanto melhor o bairro, como Prenzlauer Berg, Kreuzberg, Friedrichshain, Mitte e Neukölln, maior a concorrência e procura e os preços dos aluguéis variam bastante, geralmente de 300 a 600 euros, fora o caução, ou uma grana de depósito de segurança que você tem que pagar no momento que se muda.
Recebi uma tonelada de respostas, lia tudo e tentava separar, e claaaaro tinha os golpe tudo, gente que manda email pra você com fotos de apartamentos incríveis por preços legais, e aí quando você responde, eles dizem que infelizmente não estão em Berlim - geralmente dizem que estão na Inglaterra - e que você não vai poder ver o apartamento, mas que é só você depositar uma grana do aluguel e pronto eles mandam a chave pra você por correio. Aham, tá bão, neguim, só brasileira mas não sô burra, não...Naici na malandrageee...
Aí tem as respostas verdadeiras, e você pensa que é simplesmente ir lá e assinar os contrato tudo e pronto cê tá dentro! Not quite yet! Geralmente eles te chamam para uma entrevista com a galera que mora lá, ou ainda te convidam para um WG Meeting, tipo uma festinha pra todos os interessados no quarto de uma vez, tentando conversar por cinco minutos com um dos donos da casa entre uma cerveja e outra, ou entre um italiano e outro - tem montes de estudantes italianos aqui.
Logo no primeiro dia de visitas recebi um não lindo de um dos apartamentos que eu mais gostei, e foi, confesso, de cortar o coração, até chorei. Mas a vida e as visitas continuam.
Fui num apartamento gigante e sujo - meldelsdocel como fedia - onde o "quarto" em questão era num buraco na parede entre um andar e outro. Estive num outro que os quartos eram divididos por lençois. Em outro o cara, que era na verdade dono de prédios e alugava os flats somente para estudantes de fora, ficou a maior parte do tempo falando como detestava tatuados, gays, judeus, turcos e gente pobre, tive que ficar me controlando para não esbofetear o cara.
Teve um que o cara disse que eu só poderia morar lá se fosse vegan e adepta de nudismo. Não posso esquecer, claro da vez que fui na casa desse cara estranho, um legítimo acumulador, mal dava para passar pela porta, ele não tinha dentes, e juro que devia ter algo morto lá há muito tempo, porque fedia carniça.
E por fim, o meu preferido, em Neukölln, eu fui ver esse flat que eu nem passei da escada, porque o dono do lugar estava me esperando na porta de toalha amarrada na cintura e nada mássss, dizendo que  eu estava convidada para tomar um banho com ele, e que se aceitasse dormir com ele no quarto, e me divertir de vez em quando, eu nem precisava pagar aluguel...Well, por mais que eu ache a imagem de um senhor de idade seminu muito apelativa, eu desci as escadas e risquei o endereço da minha lista.
Visitei muitos lugares legais também, com muita gente daora, mas o caso é que, fui eu e mais setenta pessoas, e recebia não atrás de não, e muitas vezes nem resposta recebi. Teve vezes que eu tive certeza que o quarto era meu, visitei esse lugar incrível em Friedrichshain, onde moravam dois argentinos que falavam português, jantei com eles, tomamos vinho, contei minha vida, e nunca nem recebi uma mensagem dizendo "escolhemos outra pessoa".
Foi assim durante duas semanas, e um dos últimos apartamentos que visitei, também em Friedrichshain, eu já estava sem esperanças. Dois alemães estudantes de arte, o quarto era pequeno mas bonitinho, preço dentro do meu limite, locazição ótima perto de várias estações de UBahn e SBahn, mas eles estavam agindo como se nem fosse rolar. Então imagina a minha surpresa quando recebi um email dizendo que o quarto era meu! Bom pelo menos por dois meses, mas ainda é meu!
Estou me mudando pra lá sexta feira e não vejo a hora de poder finalmente tirar minhas coisas da mala e ter uma gaveta no banheiro.
Mas como eles não alugam por long term - longo prazo - só por contratos pequenos de dois ou três meses, logo mais tou eu por aí de novo na busca eterna pela WG doce WG.
Liebe Grüße
Xu