segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Rum Trader Berlin, Mein Herr/Noite Passada nos Anos 30.



Semana passada fui encontrar a queridíssima Amélie, minha última host aqui em Berlim antes de eu finalmente achar meu cafofo. Fomos em um dos meus lugares preferidos para comer por aqui - o Markthalle - um lugar mágico de comida de rua deliciosa toda quinta à noite, mas prometo que faço um poste inteiro sobre ele em outra ocasião. Depois da minha pancinha ficar satisfeita fomos dançar, e como eu estava Animadinha da Estrela, caí no Berghain de novo, outro lugar incrível que merece um poste inteiro só pra ele. Bem, quinta é um dos melhores dias no Berghain, é mais vazio e somente uma parte do club está aberta, mas é a minha parte preferida, o Panorama Bar, e as pessoas te deixam dançar na sua bolha tranquilamente mesmo que você esteja sozinha. E era isso que eu estava fazendo quando conheci um pessoal muito legal de Munich. Well, conversa vai conversa vem, gin e tônica e música eletrônica...You know what I'm talking about...Não, calma nada disso...Hahahaha! Cês sabem quando os bons drinks sobem e você tá lá contando a vida/ouvindo sobre a vida do aleatório, quando um moço do grupo me deu um cartão desse bar no lado Oeste de Berlim, Rum Trader Berlin.
Sinceramente, eu achei muito engraçado o cartão e a maneira como ele fez a apresentação do bar, mas ao mesmo tempo fiquei muito curiosa.
No sábado, então fui numa exposição de arte na região - Charlottenburg-Wilmersdorf - e decidi colar lá, chamei meu bestie brasileiro na Alemanha, Arthur, e fui procurando o lugar enquanto ele não chegava, e a Fasanenstraße parecia que não acabava, saí do fervo que é pras bandas da UDK, e começou a se tornar uma rua silenciosa e bem residencial, fui caminhando devagar quando de repente achei o lugar.
Numa esquina uma portinha fechada, uma janela escura na lateral, uma bandeirinha e um pequeno quadro de avisos sobre o horários e formas de pagamento. Brasileira afobada que sou, tentei abrir a porta, tava trancada, a rua absolutamente vazia, e eu ali no frio já pensando, "caraleo, onde eu fui amarrar meu bode de novo?", quando já estava desistindo vi o sinal de "toque a campainha e aguarde", mas aí já tinha um grupo de meninas bonitas na minha frente e elas fizeram isso por mim. Aguardei e o moço saiu: camisa listrada, gravata borboleta, colete e calça social em corte impecável - alfaitaria alemã é incrível, meine Damen und Herren - cabelo meticulosamente penteado num perfeito old fashion style e óculos de aro. Fiquei meio idiota, e fiz dancinha do caranguejo quando você dá de cara com um estranho - de um lado pro outro, de novo meio afobada pra entrar - quando o moço diz, "Calma, deixa eu te apresentar o bar primeiro." Quis cavar um buraco e entrar dentro dele imediatamente, mas o bartender, ou Herr Tafel, para os clientes, foi super gentil e me acompanhou até dentro do bar.
Uma viagem no tempo, minúsculo, sério, o bar inteiro deve ter uns 40 metros quadrados ou menos, com apenas uma mesa e bancos altos próximos ao balcão de madeira envernizada, ou seja se você quiser sentar, faça reserva antecipadamente ou fique em pé por quase toda a noite, mas a música - playlist escolhida a dedo, que começa com músicas de swing proibidas pelo regime durante o período da guerra, e que termina deliciosamente com Wagner quando o bar está prestes a fechar -, a decoração, o cardápio, os copos e taças, tudo remetia a uma Berlin que só existe ainda em lugares como esse, e que eu, até então, não tinha tido o imenso prazer de conhecer.
Os drinks em sua maioria são cocktails à base de rum - Rum Trader Berlin, dã! - mas eles tem ótimas opções em gin e champagne, que acabou sendo a minha escolha. E o negócio legal é, você pode pedir o menu, mas é muito mais divertido dizer o que você gosta e se deixar ser surpreendida pelas maravilhas que os bons homens do outro lado do bar podem fazer por você dentro de uma pequena taça. Em um determinado ponto, eu simplesmente falei, "Ok, eu não conheço nada então me surpreenda!", e a surpresa veio deliciosa em uma taça de prata e cobre que me deixou querendo que não acabasse nunca.
Além disso, e talvez o melhor são os personagens que trabalham lá, monarquistas assumidos - uma foto da Rainha Elizabeth no banheiro, mais uma calorosa e interessante discussão sobre os monarcas brasileiros/monarquiaXdemocracia/papel político do monarca/interferências da Rainha Elizabeth na Austrália, deixaram isso claro - contando histórias sobre a antiga e proibida Berlim para os clientes no balcão do  bar.
Saí de lá querendo ficar mais e ouvir mais histórias, mas é um daqueles lugares que você vai com uma mente aberta para opiniões diferentes, e que você frequenta para longas conversas e ótimos drinks, então se você concorda com Jordan Baker, e prefere lugares grandes e festas gigantescas, talvez esse não seja exatamente o lugar para você.
Do contrário, os anos 30 e 40 estão logo ali, aproveite a viagem e tome uma taça de champagne por mim.

Rum Trader Berlin
Fasanenstraße 40 
10719 Berlin
Liebe Grüße
Xu

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